Na Câmara de São Paulo, um fato inusitado chama a atenção pela controvérsia entre dados e imagens. É que mesmo com o plenário da Casa constantemente vazio o painel eletrônico, encarregado de registrar a assiduidade dos parlamentares, mantém-se sempre cheio.
Registrada apenas no início e no fim de cada sessão, a presença, ou melhor, a ausência dos parlamentares é tão comum que, muitas vezes, discursos são proferidos apenas para seus assessores que, por celular, avisam sobre alguma discussão importante ou alguma votação que exija sua presença.
A promiscuidade com o ponto parece não ter fim, já que mesmo quando participam das sessões plenárias, os vereadores se mostram desinteressados pela pauta para ater-se às “rodinhas” bem humoradas que ficam espalhadas pelo plenário. O descaso com a população é tamanho que a lista de freqüência oficial é mantida sob sigilo da Mesa Diretora, diferente do que determina resolução interna.
A penalidade pela falta nas sessões plenárias - desconto de R$ 583,33 no salário de R$ 9 mil - parece não surgir efeito, já que as poltronas azuis em couro permanecem vazias. De duas uma, ou as discussões não estão sendo suficientemente atrativas ou o ponto eletrônico tornou-se um grande aliado à falta dos vereadores, que argumentam estar trabalhando em seus gabinetes ou bases eleitorais.
Dessa maneira, a maior casa legislativa municipal do país, com gastos superiores a R$ 5 milhões anuais por vereador, serve como exemplo para todas as outras de como não representar seus eleitores: cabulando as aulas.